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Mostrando postagens de 2011

A vida de hoje

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A vida sempre nos obriga a administrar os conflitos que aparecem no meio do caminho. Quando não é um tropeço, é outro. Lidar com as dificuldades não é fácil e nos impõe certa habilidade. Ainda mais quando os problemas estão relacionados a terceiros, aí a impotência pode ser um grande imperativo, pois vale a interpretação de cada um no problema. Li outro dia que a impotência é irmã da raiva. Tive que concordar. Ela – a impotência – faz despertar em nós uma reação de raiva que pode perturbar. A exemplo disso é um animal que acuado pode atacar. Assim somos nós, quando não temos escolha ou diante de saídas insuportáveis, acabamos ficando bravos, agressivos e, porque não sabemos lidar com as coisas que não conseguimos mudar em nós, no outro, no mundo... Várias vezes, não fizemos coisas opostas ao que queríamos ou sentíamos? Tudo por causa do medo de assumir o que realmente desejamos. No amor então, é sempre muito comum. Ao imaginarmos que vamos perder o amor do outro, acabamos não sendo

TEMPO...

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Em BH. Por um momento, me coloquei a refletir sobre as pessoas num shopping. Como a vida passa rápido. As pessoas andam rápido, comem rápido, conversam rápido, tudo muito em sintonia com nosso tempo que exige cada vez mais tempo de nós. Já são insuficientes as 24h do dia pra tanta coisa que arranjamos pra fazer. Temos necessidade de mais! E nessa época, em que se aproxima o Natal, o final de ano, temos mais pressa. Não só para tentar realizar aquelas coisas que nos propusemos lá no início de 2011 e que prometemos que iríamos cumprir e, que pelo jeito, nem 1/3 saiu do papel ou mesmo das idéias. E isso é tão interessante, que se pararmos para observar esses rituais, chamo de rituais, pois não deixa de vir acompanhado com aquelas manias que não largamos mão: roupa branca no ano novo, pular sete ondinhas, ... e aí vai. Mas voltando à correria do fim de ano e também sobre as reflexões a que isso implica, vale reforçar que o ano passa e dessas propostas que colocamos pra nós mesmos, é imp

Birra?!

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Esta semana atendi um jovem homem, que está passando por alguns problemas em seu trabalho. Este atua em um cargo de chefia numa empresa, na qual vem tendo problemas com seu funcionário. Durante a sessão, aconteceu um pequeno equívoco ao falar. Ao relatar sobre o caso, ao invés de dizer que estava com problemas profissionais, escapou-lhe a palavra: pessoais. Até aí tudo muito atento, como deve ser a escuta de tal cliente. No decorrer da sessão a qual relatou o fato da dificuldade enfrentada com tal funcionário, disse estar com birra do mesmo. Me veio, inconscientemente, dizer-lhe que birra tem é criança, ou pelo menos consiste em um ato um tanto que infantil por parte do mesmo, haja vista seu lapso (a psicanálise considera o lapso como um ato falho cometido por uma inadvertência ao se falar ou escrever que consiste em substituir por uma outra palavra que se queria dizer) no início da sessão quando ao dizer problemas profissionais, disse problemas pessoais. Digo isso para ilustrar que

Metodologia em Ato

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Ontem em Manhuaçú participamos de mais um Fórum Regional de Saúde Mental, onde abordei sobre o livro “METODOLOGIA EM ATO” de Antonio Teixeira (2010) que relata uma pesquisa realizada em vários CAPS de MG, com o objetivo de investigar os modos de funcionamento dos CAPS, dando ênfase à ABORDAGEM DOS IMPASSES, OS EFEITOS PRODUZIDOS PELA APLICAÇÃO do dispositivo de CONVERSAÇÃO CLÍNICA. Além de um pequeno esboço teórico da saúde mental nos anos 70 (priorizando a ideologia da hospitalização), nos anos 80 (a criação dos ambulatórios de saúde mental), nos anos 90 (a introdução dos CAPS mudando os paradigmas: tratamento dia, oficinas terapêuticas, etc.) e agora, após 20 anos dessa implantação, é possível perceber que cada instituição apresenta um projeto próprio, fazendo com que cada trabalhador tenha que aprender a conviver com uma diversidade desguarnecida de um princípio norteador comum. O autor trata também da crescente hegemonia do discurso psiquiátrico contemporâneo, onde o saber está

Felicidade...

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Tenho me perguntado sobre a felicidade! Não sei se é porque alguns próximos têm me perguntado muito sobre o tema. Outro dia percebia que os finais de novela sempre são muito felizes, tentam apresentar um protótipo de felicidade, mas a bem da verdade é que esse protótipo não existe. Se vocês, caros leitores, perceberem, verão que a exemplo dos finais de novela, a felicidade sempre vem acompanhada. Ou seja, para ser feliz, só casando! Vocês já viram o tanto de casamento que aparece nos finais de novela? E nos filmes, principalmente em comédias românticas, a felicidade está sempre acompanhada. É como se dissesse sozinho, impossível ser feliz! E não é bem assim. Conheço muita gente que mesmo sozinhas estão bem. Felizes. E também podemos encontrar muitos acompanhados, que estão mais infelizes do que felizes. Principalmente por encontrarmos na sociedade a dificuldade em saber se relacionar sem demandar demais ao outro (companheiro) todos os seus problemas e soluções. É importante estarmo

Um novo começo

Depois de um certo tempo resolvi passar por cima e iniciar uma nova fase nesse meu espaço que venho dividindo com vocês há algum tempo. Vou procurar postar aqui, em poucas linhas, o que tenha acontecido de marcante durante a semana. Seja em relação aos meus acontecimentos, seja em relação aos clientes que atendo. Acredito que é possível desenvolver com o leitor uma interação que possa trazer algum ganho. E pra começar gostaria de falar um pouco de como as pessoas usam o poder de forma perversa. Tem pessoas que gostam abusar de outras de forma tão maquiavélica que é possível perceber. Por um simples ato de sedução pode estar embutido, inconscientemente, uma forma de poder capaz de causar um grande estrago. Um cliente contou-me de uma outra pessoa que ele tem uma relação de autoridade, mas que por coisas que ele não sabe dizer, esta pessoa não o respeita, passando sempre por cima dele, seja manipulando faltas no trabalho, seja tentando conquistar os colegas de trabalho com pequenos prese

O Complexo de Édipo (Parte 2: na Neurose e na Perversão)

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Apesar da demora, hoje voltamos a falar sobre o Complexo de Édipo na neurose e na perversão. A neurose é sempre identificada como resultado de um recalque patológico, enquanto a perversão como o resultado da falta de recalque, ou seja, a perversão seria fruto da falta de elaboração das pulsões parciais. Antes de aprofundarmos é bem importante falarmos de estruturas, pois a noção é unívoca se definindo como um conjunto de elementos que se constituem na relação, que são rigorosamente interdependentes e que se regem por certas leis de composição interna. O complexo de Édipo é uma intersubjetiva que iremos tratar um pouco mais, onde os termos edipianos são os seguintes: não há valores ou lugares vagos. Um personagem é definido em função de outro. O pai é tal em função do filho. Para Lacan, o Complexo de Édipo é uma estrutura que produz efeitos de representação nos personagens de uma determinada organização familiar. Na estrutura neurótica, a identificação se dá com o pai real. É o luga

O Complexo de Édipo (Parte 1: o mito)

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Ultimamente, tenho me deparado com um bombardeio de pensamentos e também de questionamentos dos amigos sobre pais e filhos, e pra ser mais exato, dessa relação entre filhos e mães. Para começo de conversa, resolvi dividir em partes para melhor expor o que tenho em mente. Em primeiro lugar vamos falar sobre Édipo, herói de uma das mais célebres lendas da literatura grega. O pai de Édipo é Laio. Sua mãe é Jocasta, que desempenha um papel muito importante na lenda. Ao nascer, Édipo já estava marcado por uma maldição, onde um oráculo declarou que o filho gerado por Jocasta “mataria o pai”. Conta-se a lenda que o menino foi colocado numa cesta e levado por um servo a pastores estrangeiros e depois criado pelo rei de Corinto, na corte de Pólibo, do qual sempre supôs ser filho. Mais tarde, foi confessado que Édipo não era filho do rei. Então este partiu a fim de consultar o oráculo de Delfos e saber quem eram os seus verdadeiros pais. E, no decurso desta viagem, ele encontra Laio e após ins

Que mal-estar é esse?

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Somos impulsionados por nossos desejos. Muitos deles estão em plena sintonia com o nosso mundo capitalista, de aquisição de bens e mais bens. Mas esquecemos que depois de um certo tempo em que adquirimos determinado bem, o vazio se apresenta. Aliás, ele não deixou existir. Ele só ficou um pouco esquecido enquanto nos distraíamos com aquilo que achávamos que iria nos suprir. Até as pessoas são colocadas nesse status de objeto. Pois é meu caro, é o que sempre nos acontece. E esse vazio, para quem não sabe compreendê-lo ou aceita-lo, este se torna apavorante, pois é uma angústia que pode avassalar os mais desavisados. Outro dia atendi uma jovem de 17 anos que dizia que o namorado havia terminado com ela e, o desespero por não aceitar o rompimento. Começou a desenvolver atitudes e idéias de autoextermínio. O uso abusivo de psicofármacos é tão presente que o faz como se tomasse um copo d’água! Só pelo fato de anestesiar-se diante do vazio de não ter o namorado do seu lado. Puro capricho! O

Ser analista...

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Ser analista não é fácil. Assumir essa posição requer muita estrutura. Ser forte. Abrir mão de muita coisa. Ficar no lugar de resto. Nessa posição, de objeto, lembro-me de uma colocação de J. D. Nasio em seu livro: ‘Como trabalha um psicanalista?’ onde faz uma analogia ao jogo de tênis, em que de um lado está o analista e do outro o paciente e a raquete sendo o desejo e a bola o objeto. Tanto paciente quanto analista jogam tênis, um jogando a bola para o outro, numa brincadeira, mas é sério, é um jogo. E, no momento que a bola se aproxima, a angústia também. É preciso saber jogar para não deixar a bola passar direto, cair. A mira é importante e isso afeta os participantes do jogo, seja no envolvimento ou não. Lembro de que escutar não é fácil. Saber levar o paciente até onde pudermos também não é fácil. E nesses momentos podem surgir as resistências que são nada mais, nada menos que o não saber o que fazer, a ignorância. É ela que leva aos momentos da falta de uma palavra esperada,

O abuso de drogas

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Hoje resolvi abordar o tema do uso de drogas e a relação que o sujeito estabelece com esta que mostra um modo peculiar em resposta à demanda ao grande Outro, frente à castração. Como dizia Freud, a ingestão da droga é uma forma de ‘construção auxiliar’, uma bengala (hilfsconstruktionen) capaz de amenizar o mal-estar. Para entendermos melhor essa questão é preciso retomar o raciocínio de Freud quando conceitua sobre a Pulsão, em 1905, nos “Três ensaios sobre a teoria da sexualidade”, mostrando seu caráter dual: pulsão de autoconservação e a sexualidade. Mais tarde percebe uma tendência a um estado anterior – inorgânico – a pulsão de morte, reformulando toda a teoria das pulsões. No lugar de uma oposição entre as pulsões do eu e as pulsões sexuais, substitui pela oposição entre as pulsões de vida e as pulsões de morte. Caminhando um pouco mais, Freud diz que ‘o princípio do prazer parece na realidade servir às pulsões de morte’ uma forma de entender melhor a “compulsão à repetição” que

Ninguém é perfeito!

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Sempre é bom pensarmos nos ideais que criamos pra gente. Principalmente quando esse ideal está relacionado ao nosso par perfeito, alguém que nos dê aquilo que desejamos, na hora certa, suprindo nossa carência, nos incentivando quando desanimados, tudo muito bom. A essa fantasia, devemos dar a ela seu devido lugar. Ter o cuidado merecido, ou seja, podemos inconscientemente imaginar várias fantasias, que são inclusive necessárias para o nosso desenvolvimento. Muitas delas nos impulsionam a buscar e a alcançar alguns dos nossos objetivos. E aí lembramos das dúvidas e dificuldades encontradas no caminho, mas se não fosse nosso desejo decidido não tínhamos caminhado até a concretização final. Para isso, não podemos esquecer da paciência e persistência. Saber escolher também é o grande diferencial. Se sabemos que ninguém é perfeito, é importante que na busca pelo par ideal, nem tudo vai ser como desejamos. Isso não significa que não seja ideal. Queremos alguém que nos atenda em nossas expe

Elaborando o luto

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O sentimento da morte – o luto – nos provoca, nos dá nos nervos, como dizem alguns. Seja da mais incômoda apatia, até as inevitáveis cenas de explosões agressivas. Falo isso caro leitor, por ter recentemente passado por esse viés. Mais exatamente, há um mês, no dia 17 de junho de 2011, quando perdi minha avó: Júlia Rosa Rodrigues, aos 94 anos esbanjava vitalidade. Além de um grande conhecimento pelas coisas, queria sempre mais. À frente de seu tempo, ou melhor, à frente de muitos jovens, era possível conversar com ela sobre diversos assuntos, sejam eles os mais polêmicos, sempre tinha uma palavra especial que fazia com que refletíssemos sobre nossas próprias posições. Eram sempre temas que para a maioria poderia levantar preconceitos, ela não, sabia enfrenta-los, dominá-los como ninguém. Além de uma grande mãe, símbolo marcante dentro da psicanálise, deixa o lugar vazio, sem ocupações precedentes, mas deixa lembranças e as mais gratas possíveis. Por mais que nosso inconsciente teim

V ENAPOL

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Na semana passada pude participar no Rio de Janeiro, do V Encontro Americano de Psicanálise de Orientação Lacaniana e, do XVII Encontro Internacional do Campo Freudiano, com o tema: “A saúde para todos, não sem a loucura de cada um” (perspectivas da psicanálise). Tal título nos é provocativo e vem de encontro ou melhor dizendo, em confronto com nossos ideais sejam de controle, sejam de uma clínica devastadora. Mas o que mais nos importa é que a “saúde para todos” não é possível sem a loucura de cada um. Além de trabalhar o tema onde o sistema de saúde se organiza através de protocolos e estatísticas, sempre na pretensão de resolver os problemas de ordem pública, numa espécie de normatização completa que mais cristaliza o sujeito na posição de um doente, do que a cura propriamente dita. Para nós psicanalistas o termo “saúde para todos” não se aplica pois somos da abordagem um a um, em sua singularidade, sempre conduzindo o sujeito à sua diferença absoluta. A esse discurso singular e p

Divã

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Baseada no livro de Martha Medeiros, a história que se transformou em peça de teatro, virou filme e agora ganha a telinha com as divertidas experiências de Mercedes (Lilia Cabral), uma mulher de classe média, feliz, mãe de dois filhos e apaixonada pela arte. Depois de receber alta de Lopes e passar algum tempo afastada da terapia, Mercedes decide voltar ao divã em busca de novas respostas para seus questionamentos. E aí, cada história mostra o universo feminino de forma descontraída e divertida, sempre às voltas com suas emblemáticas colocações psicanalíticas. Desde seu envolvimento com um homem casado, até o lado solidário é possível desenvolver e descobrir o poder da amizade. Temas sempre muito atuais que nos remete à nossa própria existência e nossos diversos questionamentos. No episódio do dia 10 de maio, Mercedes lida com o tema da internet e se arrisca às novas experiências. E assim, através de sites de relacionamentos, salas de bate papo vai conhecendo pessoas que o mundo vir

O caso Wellington

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Mesmo que já se tenha se passado algum tempo, nas rodas com os amigos, ainda se fala do episódio em Realengo no Rio, onde um jovem rapaz pôs fim à vida dele e de outras 12 crianças, num massacre violento que ainda choca muitos de nós. Há ainda muito o que se elaborar a respeito do ocorrido. Muitos especialistas dizem que a violência ocorrida é pela falta de segurança, outros pelo “bullying” sofrido na infância. Mas é muito difícil saber... o que podemos intuir é que este jovem rapaz tinha um grande problema em relação à realidade. Tal fato pode ser determinado pelo que chamamos de psicose onde o que ele sente ou pensa não condiz com a realidade, aparecendo aí delírios e alucinações, achar que é perseguido por alguém, sentir cheiros ou gostos de forma que não existam... e, só é possível um diagnóstico preciso quando é possível perceber esses tipos de reações esquisitas que a pessoa sofre. E no caso do Wellington é possível perceber isso através dos vídeos encontrados, nos quais a fala

As melhores coisas do mundo

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O filme “As melhores coisas do mundo” retrata de forma extremamente sensível os conflitos de dois irmãos adolescentes que têm que lidar com a separação dos pais, o fato do pai assumir o relacionamento com um rapaz – a questão dos novos relacionamentos no mundo contemporâneo. Desde os novos pares parentais, constituídos das mais diversas formas, seja as mães assumindo todas as funções em casa, os jovens e seus conflitos amorosos – sejam encontros e desencontros, agradáveis e dolorosos, a vivência da verdade frente às dificuldades na separação, no lidar com a falta do outro que teima em fazer falta, enfim, no contexto dos adolescentes que são informados pela separação dos pais e a nova relação homossexual do pai, desenrola todo um enredo que nos dá uma grande chance de refletir sobre questões tão atuais que esbarram em nós de alguma forma. São várias as associações de idéias que vêm a cada telespectador que assiste ao filme e dele pode tirar o melhor que há, seja através de angústias qu

O uso abusivo de Psicofármacos

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Vivemos num momento em que a medicação tem uma grande ascensão diante da vida contemporânea. Hoje pode-se tomar pílulas para dormir, emagrecer, manter a juventude, recuperar a memória, a atenção, o desempenho sexual, atingir o bem-estar, ser mais produtivo e, ser feliz. Ao mesmo tempo, observamos que as depressões e os sofrimentos íntimos do ser humano têm aumentado cada vez mais. É verdade que entre os anos de 1960 e 1970, a depressão se estabelece no meio da medicina geral e se expande para toda a população, por intermédio da mídia. Sejam os laboratórios, as revistas, os jornais, a televisão, etc. todos cumprem seu papel de propagadores. É como se esse fosse o momento ideal para o ser humano se sentir feliz, pois o psicofármaco vem atuar como um antídoto para o mal-estar da modernidade. Num sentido contrário, observa-se um aumento de um mundo solitário, individualista, os comportamentos coletivos reduzem produzindo ainda mais um desamparo nas pessoas. É o bem-estar da auto-suficiên

Os Impossíveis da Vida

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Caro leitor, o trabalho profissional consome boa parte da vida da gente. A ele dedicamos muitas vezes toda nossa vida, em capacitações e aperfeiçoamentos. O caso da Psicanálise, que é considerada uma ética e não uma técnica, principalmente por ao se ter um manual para ensinar a praticá-la. Em nosso trabalho lidamos com a subjetividade, com o inconsciente, com uma verdade singular para cada sujeito. Trabalhamos com o falar sem censura das palavras (ao que chamamos de Associação Livre). Freud em “A questão da análise leiga” (1926) falava do poder da palavra e na exigência cautelosa do seu manuseio pela transferência (que é a relação de amor estabelecida entre o analista e o cliente e que faz com que a análise funcione), sem sugestões e concessões. Garantindo uma escuta atenciosa e cautelosa que faz toda a diferença. Freud também em outra ocasião coloca-nos o quão é difícil além de analisar, também o educar e o governar. Ambos apontam para uma complexa rede de processos culturais, pois

TURBILHÃO DE EMOÇÕES

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Gostaria hoje de partilhar com vocês, caros leitores, dois tipos de transtornos que nos últimos tempos têm aparecido muito na clínica psicanalítica. O primeiro deles é marcado por mudanças de humor repentinas, mentiras que prejudicam os outros, impulsividades, reações imprevistas, explosões de raiva desproporcionais e de desequilíbrio financeiro, são os principais sintomas das pessoas com Transtorno Personalidade Boderline (TPB). Considerado um transtorno fronteiriço entre duas estruturas de personalidade – neurose e psicose – as pessoas com esse tipo de transtorno têm uma certa vulnerabilidade emocional, extrema sensibilidade à crítica e o medo do abandono, não gostam de se expor, sempre acuado em relação às suas próprias emoções, mas com tendências a reagir mais intensamente aos níveis de estresse, inclusive o simples comentário de uma pessoa pode detonar uma crise. A família também acaba sofrendo com esse tipo de transtorno, pois se culpam, principalmente por não entenderem a si

RAPIDINHAS DO DIVÃ: Eu odeio o dia dos namorados

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Ontem assisti ao filme: "Eu odeio o dia dos namorados" que fala sobre Genevieve, uma mulher que adora flores e o Dia dos Namorados. Quer dizer, adora porque isso incrementa as vendas de sua floricultura. No fundo, ela detesta relacionamentos. Em muitos romances anteriores, ela acabou machucada e por isso optou por manter apenas casos, deixando os homens distantes de seu coração. O amor se tornou um jogo para ela, e a vitória é garantida já que nunca se envolve o suficiente. Quando conhece Greg, um homem bonito e agradável, Genevive tenta ensinar suas artimanhas contra o relacionamento duradouro, mas os dois acabam se envolvendo mais do que deveriam – ou gostariam. Na verdade, uma comédia romântica bem elaborada onde traz os conflitos amorosos sob a perspectiva dos dois lados - homem e mulher, buscando formas de compreender o sexo oposto nas relações amorosas e também de estabelecer um vínculo. Apesar da sutileza, mostra que temos muitos conflitos ligados aos relacionamento

Psicanálise e Religião

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Apesar do mês de janeiro já estar quase acabando, gostaria de registrar alguns detalhes do fim de ano, que talvez salve um pouco o efeito consumismo do momento que nos trás o Natal. Momento que pouca gente parece se dar conta do ato que é o presentear e que pode também ser um gesto sublime. E isto ocorre justamente no dia em que celebramos o nascimento de Jesus. Os reis magos que levaram presentes para o menino Jesus na manjedoura ganham vida nessa época, de certa forma, na fantasia encarnada de Papai Noel. Esse gesto pode representar a celebração do milagre da vida, quando além do presente, algo mais pode surgir do ato. Principalmente quando vem de quem menos esperamos. É surpresa na certa! E isso aconteceu comigo. Por isso até resolvi partilhar com vocês leitores o presente, o livro: “Jesus, o maior Psicólogo que já existiu.” De Mark W. Baker. Trata-se de uma abordagem original da relação entre ciência e religião, ligando os principais ensinamentos de Jesus às descobertas da psicolog

Balanço de Fim de Ano

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Apesar de o ano de 2011 já ter chegado, vale lembrar que todo final de ano é momento de balanço, de lembrarmos do que fizemos, as comemorações, os amigos, ganhos e perdas, alegrias e tristezas. E assim fico me perguntando: Com quem estarei neste fim de ano? O que vou dizer aos amigos, parentes e a mim mesmo? E o que significa o Natal em nossos corações e o que quer dizer o término de um ano? As cidades estão enfeitadas e brilham com o espírito de mais um ano se findando e embora seja uma simples convenção, simbolicamente é momento de renovação, de passagem para uma vida nova em mais um ano novo. Assim repetimos rituais. É um período em que as emoções são manifestadas de diferentes formas. É época de pilha nova nos ideais. Tem pessoas que passam o ano acomodadas, sem pensar em nada e quando chega ao final do ano, lembram dos mais necessitados, faz doações para diminuir a culpa. É incrível a capacidade do ser humano de olhar só o que quer, acreditar no que quer e negar o que não lhe inte