Aflições da vida

Gostaria de dizer a você leitor algo que pudesse te ajudar e te acalmar diante das aflições da vida. Mas os livros de auto-ajuda, só ajudam, como o próprio nome diz ao próprio escritor que escreveu o livro, por isso o sufixo “auto”. Dirigindo ao próprio.
Digo que as coisas na vida tem uma certa repetição. A vida insiste em repetir, principalmente diante dos acontecimentos que nos levam à busca incessante de prazer – nossos relacionamentos.
E falar deles não é fácil. Falar de amor também, principalmente que amor rima com dor e não somos acostumados com a dor pelo que o amor nos faz passar. A separação, o momento do luto é algo que não podemos fugir, pois podemos sumir e alienar-se diante daquele a quem perdemos. Em muitas das nossas escolhas, e não são ao acaso, são escolhas fadadas ao fracasso e quando damos conta, estamos atolados nelas, arruinados, em pleno desespero. E quase sempre é pelo fato de nos entregarmos a uma desenfreada busca pela felicidade sem um menor controle, como se tivéssemos que tê-la a qualquer custo e esse custo sai caro na maioria das vezes. E assim a repetição acontece.
Freud já disse, em 1927, em O mal-estar na cultura que o homem deseja a felicidade e poderá encontrá-la, mas através de paliativos para esse mal-estar. O mal-estar é uma contingência, alguma coisa que sentimos em uma determinada situação. É estrutural e faz parta da vida. Temos medos: do fim, da dor, da perda, do abandono, da falta de garantia no futuro... E que nos acompanha pela vida toda.
Então surgem as muletas como a arte, a escrita, o amor, a religião e até mesmo as drogas para dar suporte à essa dor existencial, a dor por existir. São como satisfações que nos consolam. Que vem de encontro com o buraco que não damos conta dentro de nós e que a qualquer custo precisa ser tampado. E quando esse buraco ta aberto e queremos a todo custo tampar e não conseguimos, colocamos “qualquer coisa” pra tampa-lo, só pra não depararmos com o buraco que é parte de nosso ser.
Pois bem, estava falando de muletas e acabei me perdendo em minha imaginação que me levou longe buscando algo que possa amenizar talvez os buracos daqueles que como eu, tem os seus abertos, expostos. É isso! “expostos” é essa a palavra que eu queria falar. Já parou pra pensar que a exposição a que nos colocamos em nossas vidas é que tem deixado em nós mais traumas que os próprios buracos em si?
Não que não devamos descartar qualquer outra possibilidade, mas o fato de nos expormos a certas situações perante aos outros é que nos causa o constrangimento, o sentimento de ridículo, de impotência. E aí vem o sofrimento que é o resultado do que pensamos e também daquilo que fazemos com nós mesmos. E saber disso pode nos trazer um certo alívio, um certo prazer, não pleno mas capaz de manter um bem-estar em nós. Devemos é assumir a responsabilidade por esses atos e buracos e não ficar transferindo para os outros aquilo que nós somos os próprios donos.

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