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Mostrando postagens de julho, 2011

Ser analista...

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Ser analista não é fácil. Assumir essa posição requer muita estrutura. Ser forte. Abrir mão de muita coisa. Ficar no lugar de resto. Nessa posição, de objeto, lembro-me de uma colocação de J. D. Nasio em seu livro: ‘Como trabalha um psicanalista?’ onde faz uma analogia ao jogo de tênis, em que de um lado está o analista e do outro o paciente e a raquete sendo o desejo e a bola o objeto. Tanto paciente quanto analista jogam tênis, um jogando a bola para o outro, numa brincadeira, mas é sério, é um jogo. E, no momento que a bola se aproxima, a angústia também. É preciso saber jogar para não deixar a bola passar direto, cair. A mira é importante e isso afeta os participantes do jogo, seja no envolvimento ou não. Lembro de que escutar não é fácil. Saber levar o paciente até onde pudermos também não é fácil. E nesses momentos podem surgir as resistências que são nada mais, nada menos que o não saber o que fazer, a ignorância. É ela que leva aos momentos da falta de uma palavra esperada,

O abuso de drogas

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Hoje resolvi abordar o tema do uso de drogas e a relação que o sujeito estabelece com esta que mostra um modo peculiar em resposta à demanda ao grande Outro, frente à castração. Como dizia Freud, a ingestão da droga é uma forma de ‘construção auxiliar’, uma bengala (hilfsconstruktionen) capaz de amenizar o mal-estar. Para entendermos melhor essa questão é preciso retomar o raciocínio de Freud quando conceitua sobre a Pulsão, em 1905, nos “Três ensaios sobre a teoria da sexualidade”, mostrando seu caráter dual: pulsão de autoconservação e a sexualidade. Mais tarde percebe uma tendência a um estado anterior – inorgânico – a pulsão de morte, reformulando toda a teoria das pulsões. No lugar de uma oposição entre as pulsões do eu e as pulsões sexuais, substitui pela oposição entre as pulsões de vida e as pulsões de morte. Caminhando um pouco mais, Freud diz que ‘o princípio do prazer parece na realidade servir às pulsões de morte’ uma forma de entender melhor a “compulsão à repetição” que

Ninguém é perfeito!

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Sempre é bom pensarmos nos ideais que criamos pra gente. Principalmente quando esse ideal está relacionado ao nosso par perfeito, alguém que nos dê aquilo que desejamos, na hora certa, suprindo nossa carência, nos incentivando quando desanimados, tudo muito bom. A essa fantasia, devemos dar a ela seu devido lugar. Ter o cuidado merecido, ou seja, podemos inconscientemente imaginar várias fantasias, que são inclusive necessárias para o nosso desenvolvimento. Muitas delas nos impulsionam a buscar e a alcançar alguns dos nossos objetivos. E aí lembramos das dúvidas e dificuldades encontradas no caminho, mas se não fosse nosso desejo decidido não tínhamos caminhado até a concretização final. Para isso, não podemos esquecer da paciência e persistência. Saber escolher também é o grande diferencial. Se sabemos que ninguém é perfeito, é importante que na busca pelo par ideal, nem tudo vai ser como desejamos. Isso não significa que não seja ideal. Queremos alguém que nos atenda em nossas expe

Elaborando o luto

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O sentimento da morte – o luto – nos provoca, nos dá nos nervos, como dizem alguns. Seja da mais incômoda apatia, até as inevitáveis cenas de explosões agressivas. Falo isso caro leitor, por ter recentemente passado por esse viés. Mais exatamente, há um mês, no dia 17 de junho de 2011, quando perdi minha avó: Júlia Rosa Rodrigues, aos 94 anos esbanjava vitalidade. Além de um grande conhecimento pelas coisas, queria sempre mais. À frente de seu tempo, ou melhor, à frente de muitos jovens, era possível conversar com ela sobre diversos assuntos, sejam eles os mais polêmicos, sempre tinha uma palavra especial que fazia com que refletíssemos sobre nossas próprias posições. Eram sempre temas que para a maioria poderia levantar preconceitos, ela não, sabia enfrenta-los, dominá-los como ninguém. Além de uma grande mãe, símbolo marcante dentro da psicanálise, deixa o lugar vazio, sem ocupações precedentes, mas deixa lembranças e as mais gratas possíveis. Por mais que nosso inconsciente teim