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Mostrando postagens de 2012

Política e Psicanálise, uma escolha.

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A vida é feita de escolhas. Elas moldam a vida da gente como o chapéu é moldado pelo dono à sua cabeça. Muitas pessoas têm me perguntado sobre o por quê de eu não ter me candidatado este ano para o cargo de vereador. Não é fácil responder à pergunta, mas se pensarmos na escolha, esta é uma boa resposta. Nos últimos meses tomei algumas decisões e entre elas está a psicanálise e meu retorno à um aprofundamento da teoria que me leva de encontro com minha clínica que é meu trabalho hoje. A contribuição de Freud para o esclarecimento do fenômeno político pode também levar a esse esclarecimento inicial. A preocupação de Freud com o “social” acentuou após a Primeira Guerra. Nos seus dois ensaios de 1915 e outro de 1922, procurou mostrar a hipocrisia da sociedade moderna e o caráter primário das tendências agressivas. Admitindo que o nosso inconsciente mata, mesmo por motivos insignificantes, vê na eclosão da guerra uma prova disso. Os homens não desceram tão baixo por ocasião da guerra, d

Agressividade no Divã

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Esta semana tive dois casos que gostaria de compartilhar com vocês. O primeiro diz respeito a um rapaz que chega contando que no fim de semana teve um desentendimento com o ex-namorado. Uma história de mais de 5 anos entre idas e vindas e que no final muita agressividade e traições presente na relação a ponto de tornar-se insuportável a convivência entre ambos. Atualmente, separados, mas com alguns encontros esporádicos. Nesse último, depois de uma noite de muita bebida, ambos desentenderam e brigaram a ponto dos vizinhos incomodados, chamarem a polícia. Tal cena repercutiu durante a semana junto aos colegas de trabalho deste meu cliente que envergonhado chega à sessão de análise relatando tal ato. Como é difícil entender o término de algo que não tem mais jeito. Outro caso é de uma cliente que recém separada do marido, tem um encontro com o mesmo, de forma como a mesma disse ‘enlouquecedora’ mas que depois do ato, veio o vazio enorme, avassalador. Com sentimento de arrependimento

Simbologia da Avó

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Hoje faz exatos 365 dias sem nossa principal personagem. Faço essa referência à pessoa de minha avó materna Júlia Rosa Rodrigues. Pensando nisso resolvi falar um pouco sobre a simbologia da avó em nosso imaginário, do mais antigo ao mais contemporâneo, a figura da avó nos remete à figura da anciã, da velha senhora, que quase sempre é uma figura positiva, afirmativa, com significados importantes. Remete também à ideia de sabedoria e confiança, características da velhice e da maturidade. A China desde sempre honrou os velhos, como uma figura da longevidade, um longo caminho de experiência e de reflexão, que é apenas uma imagem perfeita da imortalidade. A figura da avó está também relacionada àquela que é guardiã da sabedoria e do conhecimento por um lado e, por outro aquela que costuma cuidar dos outros; arquétipo de alguém que estabelece autoridade com o passar dos tempos, tem experiência. É a antiguidade e experiência que a fazem sábia e confiável. Uma função importante também é a de

Dia dos Namorados

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Estou aqui mais uma vez refletindo sobre alguns conceitos que a psicanálise procura explicar e, como dizem hoje: Freud não mais explica, implica. Ao dia de hoje, dia dos namorados, a internet é bombardeada de mensagens melosas como também daqueles que estão insatisfeitos ou mesmo decepcionados e tentam a todo custo mostrar como lidam com o dia que quase se finda. Eu aqui estou ouvindo Amy Winehouse em “Love is a losing game”, que fala de um amor que é um jogo de azar, uma aposta, resignada ao destino. Lembro de há bem pouco tempo ler sobre essa causalidade. Ele pode acontecer para alguns, como também pode não acontecer. E nos dias de hoje o amor mudou muito. Os relacionamentos mudaram. Antes justificava-se o acontecido. Hoje não há justificativa para ele acontecer. “Eu estou com você e não sei o por quê”. E eu aqui tentando com meu inconsciente tecer desejos que façam sentido nesse dia em meio ao que não se tem sentido ou lógica possível de se decifrar. É preciso inventar algo e tent

Quem mexeu no meu queijo

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A vida sempre nos surpreende mesmo!Há 10 anos voltei para minha cidade e aqui me dediquei não só ao trabalho no setor público como psicólogo como também à APAE onde fui presidente e atualmente atuo como Diretor administrativo da construção da nova sede. Nesse intervalo muita coisa mudou em minha vida, não só os caminhos que tive que seguir, que foram muito diversificados como também com o passar do tempo acabamos acomodando em certas condições. Uma delas foi não ter me dedicado tanto ao estudo continuado da Psicanálise que me orienta em meu trabalho. Recentemente venho trabalhando isso comigo, inclusive estabelecendo metas de estudo para a semana sobre o tema. Iniciei um curso de EaD e, confesso que cada dia que passa, consigo fazer uma interlocução da EaD e a Psicanálise em minha vida e a forma como me portar diante da contemporaneidade das novas tecnologias. Há muitos anos, comprei o livro de Spencer Johnson e hoje vejo quão significativas e diferentes são as percepções. E agora, c

Duas Metades

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Depois de mais um dia daqueles que você se sente realizado no trabalho, não só pelas elaborações dos clientes, como também suas próprias, de repente, percebi que a letra de uma música que tocava no rádio me chamou a atenção. Aumentei o volume e observava nas entrelinhas que tal melodia e letra me causavam. A música em questão é “Duas Metades” da dupla Jorge e Mateus, que faço agora algumas considerações: “Pra falar do amor de verdade, Vou começar pela melhor metade Te mostrar tudo de bom que tenho E se for preciso eu desenho Eu amo você, Que eu quero você” Como é sutil a colocação de um relacionamento. Quando estamos começando um relacionamento, só mostramos nossa melhor imagem, performance, lado. “A outra metade é defeito Você vai saber de qualquer jeito, Anjo ou animal, suave ou fatal” O outro lado com certeza será visto em breve, e não demora. Vários são os lados que temos. E eles em algum momento aparecerão. “O que de um grande amor se espera É que tenha fogo, Que domina o p

Escolhas possíveis

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Engraçado como as pessoas sempre estão em busca de soluções fáceis para o dia a dia delas. Recentemente, em meu consultório me deparei com uma situação, corriqueira, diga-se de passagem. Um cliente, por volta dos seus 30 e poucos anos queixava da dificuldade que é arrumar uma parceira nos dias de hoje. Claro, que ele tem a nítida noção de que vivemos em um mundo onde as escolhas são muito rápidas e também o consumo é no estilo fast food. Até aí nenhuma novidade. Mas a surpresa vem sempre através das respostas rápidas que o sujeito busca e da frustração que ele se coloca quando percebe que também ele se implica em tal situação, já que as escolhas dele também são desse tipo. Sempre com duas ou mais parceiras, de forma que se uma não da certo aqui, é só chamar a outra, e assim vai levando a vida. Ao ser indagado sobre suas escolhas, ele se surpreendeu, mas não quis aprofundar muito. Como sempre fazem. Logo em seguida soltou a máxima: “- Doutor, não tem um remedinho que possa me ajudar?”

Angústia

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Tem dia que a gente busca respostas às questões mais essenciais que nos toca lá do fundo de nossa existência. Mas digo essencial, para mim pois para você caro leitor, pode não ser tão essencial assim. Deixemos de lado essa questão e falemos sobre o assunto em questão: angústia! A gente se pega em determinado momento da vida fazendo retrospectivas. Da vida. Muitas vezes, percebemos que a angústia é minha companheira de forma rotineira. Incomodado, angustiado, paro. Tento sair desse estado a que me encontro. Tento olhar de fora, aliás, para fora e observar a paisagem, como alguém observa um quadro. Vejo nos detalhes possíveis explicações para a angústia, sentimento tão universal e tão comum. Sentimento de impotência, de vazio. Então, é preciso agir! Freud definiu a angústia como uma transformação da tensão sexual acumulada, que não consegue sua descarga por via psíquica. Ele a considerou num segundo momento como uma reação do eu diante de um perigo interno, de uma exigência de libido

A vida é uma arte de muito empenho e pouco proveito

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Outro dia lendo um artigo sobre psicanálise em um jornal, me chamou a atenção quando dizia o quanto amamos os sábios, pois temos em nosso imaginário que eles sabem lidar com as adversidades da vida. Mesmo porque, estamos sempre buscando soluções para nossos problemas ou quem sabe alguém que resolva-os para nós. Toda essa busca por uma resposta, por alguém ao nosso lado, vem da impossibilidade de encontrarmos uma verdade única, absoluta sobre qualquer coisa que seja, ou por nós mesmos. Mas a verdade é múltipla e, cada um se serve dela como lhe convém. Por isso as pessoas têm diferenças. Somos diferentes, divergimos dos outros, causamos conflitos em nossas relações; e a comunicação é muito importante e perigosa, pois da mesma forma que pode esclarecer muita coisa, também pode gerar muitos equívocos, erros em interpretações. Lembro agora da relação mãe e filho que enquanto na barriga é única, completa e, logo ao nascer presentifica a separação e desta separação vem a falta, o resto que

Nosso inconsciente e o amor

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Existem momentos em nossas vidas que passamos buscando entendimento para determinadas atitudes que vivenciamos seja pelos outros conosco, seja de nós mesmos com os outros. São os equívocos que nosso inconsciente teima em mostrar pro mundo e principalmente pra gente. Nossa experiência inicial, de nascimento, deve ser terrificante, um desamparo absoluto, forçado a sair de um ambiente totalmente harmonioso, aconchegante, dependente do outro que cuida de nós. Essa experiência deve ser de certa forma vir em nossas mentes em algumas situações. Penso isso pois, muitos de nós, quando terminamos alguns relacionamentos passamos por situações tão terríveis, de sentimentos que parecem insuportáveis, sem sentido lançando-nos em passagens ao ato, às quais podem produzir mais sofrimento pois agimos em lugar do pensar, fazemos em lugar do sofrer, acabamos com tudo para evitar a dor, o luto pela perda que parece insuportável nos provoca, em nosso íntimo, sentimentos muitos deles, perversos, que desej

O Esgotamento da vida e as drogas

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Hoje estava lendo uma parte do livro do Padre Fabio e do Gabriel Chalita, “Cartas entre Amigos” que me fez refletir um pouco sobre o momento em que acabamos de viver que é o carnaval – nossa maior festa. Retratada pelo mundo afora, através das nossas diversões, as brincadeiras, os foliões, os blocos, sempre com muita gente que sabe se divertir. Também temos um outro lado, de esgotamento da vida roubada, de jovens que se divertem sem as devidas considerações pelas escolhas que fazem, das desonestidades afetivas, entregam-se ao nada. São muitas as festas fartas de vazios de significados. Bebemos para esquecer e amamos sem amor na busca de preencher o nada da vida. Nosso vazio sempre mostrando sua cara, seu buraco. Tive oportunidade de presenciar, recentemente em uma determinada festa de pré-carnaval, situação que me fez lembrar num grande filósofo Hegel que chamava de Espírito do mundo, a uma rede de relações sem fim. Dizia ele que o homem não pensa, é o espírito que pensa através del

O caminho da vida

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Às vezes não temos muito o que dizer e mesmo assim insistimos em dizer, buscar explicações, para aquilo que já começou com cara de que não ia dar certo ou mesmo que não tinha como dar certo e, meio que com um ideário de herói, insistimos como que guerreiros na tentativa em vão de pagar pra ver o que vai dar! E o preço pode ser muito caro. Assim muitos de nós caímos nas armadilhas que a vida nos oferece: o envelhecimento, as doenças, as separações, as perdas... Lidamos mal com esses acontecimentos porque procuramos segurança, estabilidade... resistimos às mudanças que a vida nos promove. Somos apegados às coisas e às pessoas. Como é difícil equilibrarmos o Real com o Ideal da Vida. Por sermos seres sociais, somos carentes do contato social, afetivo. As relações ligadas à família, à amizade são fundamentais para nosso bem estar e equilíbrio psíquico. É importante compreendermos a o caminho da vida e seguir caminhando, passando por pedras, terra, caminhos belos e feios, agradáveis e de

Ideais demais, frustrações também!

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Ontem comentava do sofrimento das pessoas nos relacionamentos. É muito complicado aferirmos algo sobre como superar determinados sentimentos dolorosos quando um relacionamento acaba ou está em desgaste, mas as diferenças subjetivas são muitas e o desejo de cada um vai aparecendo e em alguns casos, a distância vai aumentando também. Quando nos apaixonamos, acreditamos ter encontrado o par perfeito. Ficamos felizes e completos, como se tivesse acabado com a nossa falta existencial – a castração (a incompletude, a solidão....). A psicanálise nos ensina que somos díspares, ou seja, não fazemos par. Nos anulamos pelo outro como se isso nos fizesse iguais, sem diferenças. Puro engano. Observo alguns casos no consultório de pessoas, após o término de um relacionamento, acreditarem que agora descobriram que amam o parceiro, que até bem pouco tempo, diziam estarem esgotadas, não quererem mais. Mas o inevitável aconteceu. Depois de tanto falar que não queria mais, que o parceiro fosse embora

Sentimentos e família

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O ano começou e mais um mês já está ficando para trás. Freud dizia que é preciso moderar nossas reinvindicações, pois podemos nos decepcionar. Devemos mesmo é ser modestos e suportar as dificuldades vindas dos medos do envelhecimento, da morte, do sofrimento das relações com outros seres humanos...e muitos outros medos que não cessam em aparecer pelo caminho. Assim já estaremos bem. Estamos sobre pressão o dia todo e assim, vamos vivendo... perdemos, ganhamos, dividimos, compartilhamos, nos isolamos, nos defendemos, rimos, choramos, entra dia, sai dia e estamos ali, caminhando de forma a fazer o melhor, pois assumir nossos atos é o melhor para nós mesmos. A neurose nossa de cada dia é que pode nos atrapalhar. Ela é nossa própria armadilha, fazendo-nos planejar mal nossas coisas, traindo a nós mesmos e aos outros. Às vezes caímos como patinhos em nossos próprios jogos de sedução, de má elaboração das coisas, de charmes e luxos que provocamos. É muito comum agirmos assim em família. R