Quem ama trai?


Outro dia fui pego por uma cliente me fazendo esta seguinte pergunta à qual resolvi partilhar com vocês leitores. Em pleno século 21, podemos observar que a mulher está cada vez mais independente, mas não podemos dizer que há uma igualdade entre homens e mulheres quando o assunto é relacionamento. Vemos, que as relações amorosas enfrentam diálogos e acordos que eram “inadmissíveis” até pouco tempo atrás e hoje em dia há uma maior flexibilidade nos relacionamentos. E quanto à traição?
Alguns especialistas afirmam que o problema é mais grave e também gera um maior sofrimento. Principalmente diante da modernidade – na era do consumo – é possível presenciarmos as pessoas desenvolverem um sentimento de posse, com a mentalidade do consumo, aflorando ainda mais o sentimento da pessoa traída. E não esquecemos o outro lado da moeda: pessoas que buscam relacionamentos como um fast-food, sem se prender a ninguém, numa grande relação onde os valores acabam diluídos e, o outro não tem importância nenhuma, ou seja – relacionamentos sem amor.
Outros especialistas, compartilham da idéia de uma mudança no contexto familiar, na maneira como as pessoas estão se relacionando, constituindo novos casais e suas novas formas de relacionamento.
Os casamentos no ocidente não monogâmicos e parece que a infidelidade é tão antiga quanto a relação a dois. Alguns especilistas defendem esse comportamento através da biologia, afirmando que o homem não consegue ter apenas uma mulher por causa da sua natureza “animal”. O “normal” é diferente do “natural”, onde o normal vem de algo que é uma regra ou norma, e nesse sentido, em nossa sociedade o normal é ser monogâmico. Já o “natural”, vem da natureza interna, do instinto animal e a natureza humana é poligâmica. E, por essa contradição é que aparecem muitos problemas congugais.
Outros especialistas afirmam que a gestão genética está ligada à relação que cada um tem com o ato sexual e os homens vêem no sexo a satisfação individual, enquanto que para as mulheres, essa relação deve apresentar um sentido a mais. Mas isso não explica a traição, pois quem concordou com um relacionamento, concordou com as normas, as regras. Até porque, nossa realidade não é apenas biológica. Existe também o lado psicológico e a consciência de cada um em aceitar e respeitar as condições impostas pela sociedade.
Mas o que fica mesmo é que a traição é um tema espinhoso pra qualquer um de nós. E mesmo com os avanços do século XXI há muita recriminação em cima do tema, e uma tendência a não querer tocar no assunto.
Podemos dizer que a insatisfação feminina é um dos motivos que incita a infidelidade feminina, mas também para elas, a intolerância da sociedade é também um agravante a mais que para o homem se torma mais diluído, o que não deixa de ser complicado para eles também. Pois ser traído para os homens é muito difícil de ser aceito e nossa cultura ainda recrimina muito.
A infidelidade é algo frequente na antiguidade e, na história, há relatos da Grécia Antiga e em Roma, onde eram comuns pessoas se relacionarem com mais de um parceiro. E mesmo no Antigo Testamento há casos de adultério, como o do rei Davi (Cerca de 1.000 a. C.) com Bate-Seba.
As mulheres têm uma tendência a aceitar a traição, diferentemente do homem, que por machismo sofre mais. Assumir que foi traído para o seu círculo social é muito mais difícil então, a tendência masculina é terminar. Mas dependendo da situação, isso pode ser melhor administrado e, nesse caso é muito importante avaliar como está o envolvimento emocional. Se o vínculo não é forte a sensação de ser enganado pode doer bastante. Sem dúvida, seja homem ou mulher, lidar com uma traição é bastante complicado. É preciso analisar o peso da traição para decidir se é possível manter o relacionamento.
Freud nos trouxe o que de melhor podemos ter hoje na vida e aqueles que não sabem lidar com o inconsciente, podem sofrer muito mais, pois o mundo do desejo e suas graciosas maneiras de existir, às vezes nos prega peças que nos complica muito mais, haja vista o saber lidar com a falta que todos nós possuímos e nos dias de hoje queremos a todo custo tampar. Mas o importante mesmo é saber que só desejamos aquilo que não possuímos e nem por isso devemos querer tudo o que não temos, sob o risco de se perder no caminho, transformando-o mais doloroso do que prazeroro.
A vida a dois é como um organismo vivo que é preciso alimentar permanentemente, uma planta que necessita de luz, cuidados e paciência. Às vezes, perece prematuramente, em outras cresce vigorosamente. Isso depende da maneira como os protagonistas mantêm sua relação amorosa e, para melhor preservá-la é preciso conhecer a lógica do amor. E, num relacionamento, o amor é bem diferente no início, no meio e no fim. No começo dominam a alegria de estar juntos e o desejo de realizar projetos comuns, depois, a partir de inevitáveis desilusões, impõem-se reajustes, e descobre-se o amado sob um novo rosto numa nova realidade. A maneira de amar é então modificada. É natural que no curso de uma vida cada um mude fisicamente e mentalmente, atravesse provas que o regenerem e o transformem. A arte do companheirismo num casal é acompanhar o outro em suas inevitáveis variações, tal como o dançarino que, para manter o ritmo, adequa sua cadência ao passo inesperado de sua dama. O importante é evoluir livremente do seu lado preservando ao mesmo tempo a estabilidade de seu vínculo e, concluindo: não deixemos nosso desejo transformar em restos e cacos os relacionamentos que além de ferir o outro, pode ferir a nós mesmos.

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