O caso Wellington

Mesmo que já se tenha se passado algum tempo, nas rodas com os amigos, ainda se fala do episódio em Realengo no Rio, onde um jovem rapaz pôs fim à vida dele e de outras 12 crianças, num massacre violento que ainda choca muitos de nós. Há ainda muito o que se elaborar a respeito do ocorrido. Muitos especialistas dizem que a violência ocorrida é pela falta de segurança, outros pelo “bullying” sofrido na infância. Mas é muito difícil saber... o que podemos intuir é que este jovem rapaz tinha um grande problema em relação à realidade. Tal fato pode ser determinado pelo que chamamos de psicose onde o que ele sente ou pensa não condiz com a realidade, aparecendo aí delírios e alucinações, achar que é perseguido por alguém, sentir cheiros ou gostos de forma que não existam... e, só é possível um diagnóstico preciso quando é possível perceber esses tipos de reações esquisitas que a pessoa sofre. E no caso do Wellington é possível perceber isso através dos vídeos encontrados, nos quais a fala é morosa ou seja, lenta, sem conteúdo afetivo, isolamento social e familiar... desenvolvendo também o que podemos chamar de uma sintomatologia perversa, com desvio de personalidade presentes incentivando ainda mais as atitudes de um assassino. Difícil de entender muitas vezes por um leigo, mas se analisarmos um pouquinho o caso é possível perceber que um jovem, com histórico de traumas infantis como o bullying; uma relação familiar um tanto que desestruturada principalmente com a morte da mãe adotiva, agravando ainda mais o caso, deixando-o desamparado; a falta de tratamento, ou melhor, o não tratamento pode levar ao que chamamos de passagem ao ato. E são as famílias ou quem convive com a pessoa mais próxima que podem ajudar a sensibilizar, provocando intervenções imediatas para impedir tal ato, verificar as medicações prescritas, percebendo os sinais de agressividade, silêncio excessivo, etc. e, nesse caso, um solitário psicótico, sem família ou alguém que pudesse auxiliar, levou à situação limite, deixando seu lado mais animal aflorar e, diante da ferocidade de seu delírio, pôs fim à sua existência, incapaz de compreender o que estava acontecendo, ou melhor, incapaz de discernir a realidade do delírio desenvolvido. Um retrato de nosso tempo vulnerável. Difícil até de escrever tamanha brutalidade.

Comentários

  1. Você foi até muito hábil ao escrever sobre tal brutalidade, época triste a nossa...

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