O Complexo de Édipo (Parte 1: o mito)
Ultimamente, tenho me deparado com um bombardeio de pensamentos e também de questionamentos dos amigos sobre pais e filhos, e pra ser mais exato, dessa relação entre filhos e mães.
Para começo de conversa, resolvi dividir em partes para melhor expor o que tenho em mente.
Em primeiro lugar vamos falar sobre Édipo, herói de uma das mais célebres lendas da literatura grega. O pai de Édipo é Laio. Sua mãe é Jocasta, que desempenha um papel muito importante na lenda. Ao nascer, Édipo já estava marcado por uma maldição, onde um oráculo declarou que o filho gerado por Jocasta “mataria o pai”. Conta-se a lenda que o menino foi colocado numa cesta e levado por um servo a pastores estrangeiros e depois criado pelo rei de Corinto, na corte de Pólibo, do qual sempre supôs ser filho. Mais tarde, foi confessado que Édipo não era filho do rei. Então este partiu a fim de consultar o oráculo de Delfos e saber quem eram os seus verdadeiros pais. E, no decurso desta viagem, ele encontra Laio e após insultos um com o outro, Édipo acaba por mata-lo. Ao chegar em Tebas, encontrando a esfinge, que apresenta enigmas aos transeuntes, devorando aqueles que não conseguissem responder-lhe. Costumava perguntar: “Qual é o ser que caminha ora com dois pés, ora com três, ora com quatro, e que, contrariamente ao normal, é mais fraco quando usa o maior número pés?” A resposta é o “homem” que engatinha na sua primeira infância, desloca-se depois caminhando sobre dois pés, e apoiado a um bordão no declinar da vida. Assim, a esfinge é vencida por Édipo conquistando as boas graças de toda a cidade. Como prova de gratidão este casa-se com a viúva de Laio, tornando-se rei. Com o passar do tempo, uma peste assola a cidade e ao se averiguar o flagelo, o emissário volta com a resposta de que a peste não cessaria se não fosse vingada a morte de Laio. Após algumas investigações e adivinhações, Édipo e Jocasta suspeitam da tragédia que estavam envolvidos. Assim se completa a teia em que Édipo se vê enredado, forçado a render-se à evidência. A história do menino exposto e encontrado não deixa dúvidas a Jocasta: o seu próprio filho matou o pai e ela própria cometeu com ele incesto. Corre até o palácio e põe fim à própria vida. Édipo trespassa os olhos com o alfinete de Jocasta.
Freud no decorrer de sua autoanálise, reconhece em si o amor pela mãe e, em relação ao pai, um ciúme em conflito com a afeição que tem por ele.
Quando o menino (por volta dos 2 ou 3 anos) entra na fase fálica da sexualidade infantil, tem sensações voluptuosas, provenientes de seu órgão sexual, e aprende a busca-las por si mesmo, pela excitação manual, apaixonando-se então pela mãe e desejando possuí-la fisicamente, da maneira como suas observações de ordem sexual e sua intuição lhe permitiram adivinhar. Procura seduzi-la exibindo seu pênis, cuja posse o enche de orgulho. Sua virilidade o faz querer substituir seu pai, que até aquele momento tinha sido modelo, mas que agora tornou-se rival. A dissolução do complexo de Édipo se dá através da ameaça de castração. Então o menino precisa abandonar o investimento objetal da mãe. Que irá transformar em uma identificação, que pode ser com o pai como com a mãe. Tendo reconhecido o pai como obstáculo à realização dos desejos edípicos, a criança “introjeta sua autoridade”, tomando emprestada do pai a força necessária para essa identificação.
Na menina, assim como no menino, a mãe é o primeiro objeto de amor, e, para poder orientar seu desejo para o pai, é preciso primeiro que ela se desapegue desta. O que pode ser um pouco mais longo. Esse processo inicia-se quando a menina constata sua inferioridade e relação ao menino, considerando-se castrada. Ela pode desviar-se da sexualidade ou não desistir de sua masculinidade, ou então, numa atitude feminina escolher o pai como objeto. Sob a influência da inveja do pênis, a menina se desapega da mãe, à qual censura por tê-la posto tão malprovida no mundo; depois, a inveja do pênis encontra um substituto, no desejo de ter um filho, e a menina toma, com esta finalidade, o pai como objeto de amor. A partir de então, identifica-se com a mãe, colocando-se em seu lugar, e, querendo substituí-la junto ao pai, passa a odiá-la (rancor, inveja ciúme edípico).
A passagem pelo Édipo leva à posição heterossexual e à formação do supereu, na qual Freud vê a fonte da moral e da religião. Lacan, chama de “Nome-do-pai” a função simbólica paterna, ou seja, aquilo que constitui o princípio eficaz do Édipo, e mostra que o “Desejo da Mãe” é mandado para as profundezas pelo Nome-do-pai, levando a operação a um significado – o falo – e isso para os dois sexos; que é a de promover a castração simbólica.
Para começo de conversa, resolvi dividir em partes para melhor expor o que tenho em mente.
Em primeiro lugar vamos falar sobre Édipo, herói de uma das mais célebres lendas da literatura grega. O pai de Édipo é Laio. Sua mãe é Jocasta, que desempenha um papel muito importante na lenda. Ao nascer, Édipo já estava marcado por uma maldição, onde um oráculo declarou que o filho gerado por Jocasta “mataria o pai”. Conta-se a lenda que o menino foi colocado numa cesta e levado por um servo a pastores estrangeiros e depois criado pelo rei de Corinto, na corte de Pólibo, do qual sempre supôs ser filho. Mais tarde, foi confessado que Édipo não era filho do rei. Então este partiu a fim de consultar o oráculo de Delfos e saber quem eram os seus verdadeiros pais. E, no decurso desta viagem, ele encontra Laio e após insultos um com o outro, Édipo acaba por mata-lo. Ao chegar em Tebas, encontrando a esfinge, que apresenta enigmas aos transeuntes, devorando aqueles que não conseguissem responder-lhe. Costumava perguntar: “Qual é o ser que caminha ora com dois pés, ora com três, ora com quatro, e que, contrariamente ao normal, é mais fraco quando usa o maior número pés?” A resposta é o “homem” que engatinha na sua primeira infância, desloca-se depois caminhando sobre dois pés, e apoiado a um bordão no declinar da vida. Assim, a esfinge é vencida por Édipo conquistando as boas graças de toda a cidade. Como prova de gratidão este casa-se com a viúva de Laio, tornando-se rei. Com o passar do tempo, uma peste assola a cidade e ao se averiguar o flagelo, o emissário volta com a resposta de que a peste não cessaria se não fosse vingada a morte de Laio. Após algumas investigações e adivinhações, Édipo e Jocasta suspeitam da tragédia que estavam envolvidos. Assim se completa a teia em que Édipo se vê enredado, forçado a render-se à evidência. A história do menino exposto e encontrado não deixa dúvidas a Jocasta: o seu próprio filho matou o pai e ela própria cometeu com ele incesto. Corre até o palácio e põe fim à própria vida. Édipo trespassa os olhos com o alfinete de Jocasta.
Freud no decorrer de sua autoanálise, reconhece em si o amor pela mãe e, em relação ao pai, um ciúme em conflito com a afeição que tem por ele.
Quando o menino (por volta dos 2 ou 3 anos) entra na fase fálica da sexualidade infantil, tem sensações voluptuosas, provenientes de seu órgão sexual, e aprende a busca-las por si mesmo, pela excitação manual, apaixonando-se então pela mãe e desejando possuí-la fisicamente, da maneira como suas observações de ordem sexual e sua intuição lhe permitiram adivinhar. Procura seduzi-la exibindo seu pênis, cuja posse o enche de orgulho. Sua virilidade o faz querer substituir seu pai, que até aquele momento tinha sido modelo, mas que agora tornou-se rival. A dissolução do complexo de Édipo se dá através da ameaça de castração. Então o menino precisa abandonar o investimento objetal da mãe. Que irá transformar em uma identificação, que pode ser com o pai como com a mãe. Tendo reconhecido o pai como obstáculo à realização dos desejos edípicos, a criança “introjeta sua autoridade”, tomando emprestada do pai a força necessária para essa identificação.
Na menina, assim como no menino, a mãe é o primeiro objeto de amor, e, para poder orientar seu desejo para o pai, é preciso primeiro que ela se desapegue desta. O que pode ser um pouco mais longo. Esse processo inicia-se quando a menina constata sua inferioridade e relação ao menino, considerando-se castrada. Ela pode desviar-se da sexualidade ou não desistir de sua masculinidade, ou então, numa atitude feminina escolher o pai como objeto. Sob a influência da inveja do pênis, a menina se desapega da mãe, à qual censura por tê-la posto tão malprovida no mundo; depois, a inveja do pênis encontra um substituto, no desejo de ter um filho, e a menina toma, com esta finalidade, o pai como objeto de amor. A partir de então, identifica-se com a mãe, colocando-se em seu lugar, e, querendo substituí-la junto ao pai, passa a odiá-la (rancor, inveja ciúme edípico).
A passagem pelo Édipo leva à posição heterossexual e à formação do supereu, na qual Freud vê a fonte da moral e da religião. Lacan, chama de “Nome-do-pai” a função simbólica paterna, ou seja, aquilo que constitui o princípio eficaz do Édipo, e mostra que o “Desejo da Mãe” é mandado para as profundezas pelo Nome-do-pai, levando a operação a um significado – o falo – e isso para os dois sexos; que é a de promover a castração simbólica.
TEXTO muito bem colocado.
ResponderExcluirObrigada por compartilhar.
beijos