Síndrome do Pânico e Psicanálise
Nos dias de hoje, somos tomados por uma sensação de desamparo muito grande. Não temos garantia de nada! Falar da tão falada Síndrome do Pânico é falar de um afeto extremo de angústia despertado pelo sentimento de desamparo que acomete o sujeito em algum momento de sua vida.
Esse afeto, nos deixa a sensação de estarmos completamente desamparados, sem garantias de nada na vida. Podemos morrer a qualquer moomento, mas não deixamos de viver o cotidiano, seja com todos os riscos que ela proporciona. O que para certas pessoas essa condição é extremamente insustentável e, sempre com uma ilusão de que haverá uma estabilidade do mundo que trará garantias de se ver protegido das angústias.
A psicanálise vem com o intuito de levar o paciente a se implicar no seu sofrimento, ou seja, a se questionar sobre o que acontece com ele, falando e procurando sentido a partir de sua história. É preciso criar condições para que o paciente possa subjetivar sua condição de desamparo.
É comum encontrarmos em quem sofre de pânico, um apego grande e dependência de alguém ou alguma situação estável, que provoque a sensação de conforto. Um exemplo disso é o sujeito que precisa de alguém que o acompanhe em lugares que precisa de ir, mesmo sem necessidade. Essa dependência é uma compensação por sua incapacidade de lidar com a falta, o que ilusoriamente o livra do confronto com o desamparo. Esse apego é como um remédio para o paciente.
E por falar em remédio, a medicação é importante, principalmente quando o sujeito não consegue nem sair de casa. É preciso uma reorganização da sua vida que o remédio pode ajudar. Mas devemos ter cuidado para não colocar o remédio nesse lugar de dependência e substituição.
O pânico é o sintoma que denuncia o fracasso frente ao sujeito em atender as exigências dos ideais e valores que a sociedade tanto nos cobra. Nos dias de hoje, tudo são imagens. Dependemos disso ou daquilo, necessitamos das aprovações nas redes sociais, etc. O fracasso em atender às exigências do nosso dia a dia, gera progressivamente medo/angústia. Por isso que falar sobre isso é muito importante, de forma a encontrar com esse Real que a vida o tempo todo nos apresenta e que não conseguimos suportar. Seja pela violência, destruições, desilusões, impotências... muitos são os vazios que a solidão provoca em nós, desamparados num mundo que não consegue amparar. Vamos falar sobre isso?
Sua contribuição é riquissima,muito se ouve falar sobre essa síndrome, mas há pouco esclarecimento sobre ela.
ResponderExcluirExtraordinário suas palavras professor Márcio. Como sempre excelente no dom de falar e escrever.Fui sua aluna no curso de pedagogia em Pocrane,e admirava sua forma de se expressar no ramo da psicologia;continua magnífico. Meus parabéns!
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