Entrevista em Psicanálise
Recentemente fui convidado a responder algumas perguntas sobre meu trabalho na região. Resolvi partilhar com vocês essa entrevista:
O que faz um psicanalista?
A psicanálise é um processo de terapia que busca a transformação da pessoa através da compreensão de seus problemas. Enquanto o sujeito fala tudo que vem à sua cabeça, o psicanalista através da sua escuta, interpreta e auxilia no seu autoconhecimento.
Por quê do divã na análise?
Ao deitar no divã, o cliente de costas para o analista, fica mais relaxado sem o contato visual, facilitando a introspecção e evitando a distração com a observação de eventuais reações que o analista tiver. Mas não é sempre que se usa o divã. É preciso cautela e cuidado.
Muitas vezes, temos reações que não gostaríamos de ter. Por quê disso?
São as manifestações do nosso inconsciente, como se ele tivesse nos pregando uma peça. Um exemplo clássico é a troca do nome do namorado ou marido pelo do ex-namorado. É como se fôssemos divididos em dois: uma metade movida ao desejo, inconsciente, e a outra, que administra as barreiras, os impulsos primordiais. Essa divisão é responsável por nossa subjetividade e formação de nossa personalidade. Ela está entre o que se quer e o que se pode querer e é aí que se instala os problemas de nossos dias, gerando angústias, sintomas diversos, porque muitas vezes não temos o entendimento desses conflitos. Falar deles auxilia na compreensão e alívio dos problemas.
O que mais as pessoas vão buscar num consultório de psicanálise?
A maior demanda ainda são os desencontros amorosos que as pessoas se queixam. Seja falar sobre o amor, que não é para qualquer um, pois só ama quem aceita a falta que faz a pessoa amada e mais do que isso: deixar essa pessoa amar você. Como dizia Aristóteles: o melhor caminho para o amor conjugal é a amizade!
Mas as pessoas parecem não estar dispostas a assumir um compromisso. O mundo hoje tem tantas possibilidades que as pessoas se perdem seja nas redes sociais, seja no dia a dia.
Concordo com você que temos muitas possibilidades e o mundo está cheio de opções. Mas isso não significa que não estejamos dispostos a não assumir um compromisso. Vai de cada um saber inventar seu modo de viver e permitir que um outro esteja com ele. Porque existem muitas fragrâncias, não significa que eu tenha que usar vários perfumes. A análise mais que conhecer-se melhor, ela via nos levar e suportar esse real que o mundo nos apresenta.
O que você diria como sendo o objetivo da análise?
Digamos que seja o sujeito reconhecer onde as coisas vão mal em sua própria fala, assumindo um novo jeito de se comportar, com responsabilidade no que aconteceu até agora em sua vida. E nada de culpar os outros. Somos responsáveis pelo nosso próprio sofrimento. Isso é ir além da cura, é autoconhecimento, é saber escolher.
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