Amor e Sexo "Gay"
O programa da Rede Globo do dia 02 de março de 2017, "Amor e Sexo", trouxe como tema de discussão, a cultura gay. Me lembrei de um texto de Jacques Alain Miller - "Gays em análise?", ao qual me reporto aqui com algumas passagens, tanto de um como de outro.
A construção "gay" de nossos tempos traz o termo gay como um jeito moderno para referir ao homossexual e, talvez seja um bom uso para esse significante novo. Essa construção produziu uma subcultura com diversos vieses, produções e transformações significantes no contexto clínico, modificando o termo "perverso" que associava ao homossexual, dando lugar a um ideal do gay na cultura contemporânea.
Assim como o discurso da histeria no começo do século 20 fez emergir a figura do analista, Hoje, no século 21, a figura do gay faz emergir novos desafios ao analista, numa ideologia estruturalista, pós estruturalista. Numa época de um individualismo democrático da massa gay, como uma invenção, uma construção, uma festa.
Mas nem sempre foi assim. No começo do século passado, a homossexualidade era envolvida com proibições, estigmatizada, cercada de vergonha, segredos, quase como uma seita. Em 1988, Foucault fez a seguinte observação a propósito de dois homossexuais que passeava de mãos dadas: "sustentamos que dois homossexuais saiam à noite juntos, mas se na manhã seguinte, eles estão felizes e andam de mãos dadas se beijando, não os perdoamos. O intolerável não é o ir em busca do prazer, e sim o despertar feliz" (Foucault, 1995).
A não aceitação da homossexualidade e de todas as diversidades e diferenças existentes, mais segrega e marginaliza as pessoas à sociedade. Uma instituição como a família e o casamento, auxilia muito mais, pois evita que sujeitos sozinhos façam coisas que o prejudiquem, portanto, é preferível que eles voltem pra casa.
Justificar o casamento à reprodução não se sustenta, tento em vista casais heterossexuais estéreis ou que não querem ter filhos e que se casam. Assim não teriam o direito ao casamento.
Hoje ainda encontramos em nossa sociedade aquele pensamento de "Eu sei, mas não me fala nada!" ou "Não vamos tocar nesse assunto?!". Há um véu que cobre o tema gay. Quando um programa como o "Amor e Sexo" trás a abordagem gay e faz festa, se diverte enquanto esclarece conceitos onde toda diferença deve ser pensada a partir da impossibilidade do ser semelhante. Haja respeito!
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