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O que a Psicanálise tem a nos dizer da angústia em nossas vidas

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Movido pelo desejo de produzir algo que pudesse tocar no leitor, peguei a caneta e o papel e segui deslizando meu pensamento pela escrita ao perceber que uma frase me chamava a atenção, inclusive como sugestão para tal desenvolvimento: "A vida é em geral alegre. O que nos torna injustos em relação a ela é que a alegria não é recordada. Ao contrário, a inquietude, essa permanece", Jean Paulhan. Estamos sempre queixosos. Esquecendo dos momentos de alegrias. Os pensamentos negativos, ruins... e com isso o pessimismo se torna presente e a angústia se instala. Sentimento esse que faz com que pensemos que o mundo à nossa volta está ameaçado e assim não conseguimos discernir e compreender o que se passa. Tal sentimento de angústia é diferente do medo, que sabemos exatamente o que é. Lacan define a angústia como um afeto, especial, que "tem estreita relação de estrutura com o que é um sujeito". Sendo ele da ordem de uma perturbação e não de um sentimento, ele fala em 'o

13 Reasons why - Os 13 Porquês

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A série original produzida pelo Netflix, "13 Reasons why", baseada no livro de Jay Asher, publicado no Brasil como "Os 13 porquês", traz à tona um relato autêntico da adolescência e suas conturbadas vivências, principalmente no ambiente escolar. A história de Hannah vem provocando muitas repercussões nas escolas, nas rodas de amigos, em família e até na mídia. Esta série aborda de modo explícito a realidade de jovens de uma pequena cidade norte-americana, no ambiente escolar, onde a temática central é o suicídio. O cuidado nessa hora é uma questão importante, pois quase sempre é negligenciada e pouco falada. Geralmente nos incomoda tanto falar sobre suicídio, que acabamos evitando o assunto. Mas a série vai na contramão dessa ordem, traz o assunto a um nível acessível a todos. Mas não é só essa a temática. A desesperança e a impossibilidade de criar e manter vínculos saudáveis também é abordada de forma produtiva, como também o ambiente escolar perverso onde o b

Amor e Sexo "Gay"

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O programa da Rede Globo do dia 02 de março de 2017, "Amor e Sexo", trouxe como tema de discussão, a cultura gay. Me lembrei de um texto de Jacques Alain Miller - "Gays em análise?", ao qual me reporto aqui com algumas passagens, tanto de um como de outro. A construção "gay" de nossos tempos traz o termo gay como um jeito moderno para referir ao homossexual e, talvez seja um bom uso para esse significante novo. Essa construção produziu uma subcultura com diversos vieses, produções e transformações significantes no contexto clínico, modificando o termo "perverso" que associava ao homossexual, dando lugar a um ideal do gay na cultura contemporânea. Assim como o discurso da histeria no começo do século 20 fez emergir a figura do analista, Hoje, no século 21, a figura do gay faz emergir novos desafios ao analista, numa ideologia estruturalista, pós estruturalista. Numa época de um individualismo democrático da massa gay, como uma invenção, uma cons

50 tons mais escuros

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A psicanálise é uma ciência que busca a cura pela palavra, pela compreensão e a interpretação do discurso de cada sujeito, individualmente, de forma pessoal e intransferível, do ser, único. Falo isso de início como justificativa para a impressão que lhes apresento. O filme "50 tons mais escuros" estreou há poucos dias, com um sucesso novamente grande e, que também tive oportunidade de assistir. Antes, fazendo um breve comentário do primeiro romance da trilogia, "50 tons de cinza" narra a história de amor vivida por Christian Grey e Anastasia Steele. Ele um jovem empresário bilionário e ela uma jovem estudante de jornalismo. O romance foge ao tradicional, apresentando o mundo sadomasoquista que o Sr. Grey apresenta à jovem. O romance traz a discussão sobre a atual busca de prazer e o como o sexo hoje está sendo prazeroso e a liberdade que os indivíduos têm na busca pelo prazer. Esse primeiro filme da série me chamou à atenção pelas relações atuais - principalmente

Síndrome do Pânico e Psicanálise

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Nos dias de hoje, somos tomados por uma sensação de desamparo muito grande. Não temos garantia de nada! Falar da tão falada Síndrome do Pânico é falar de um afeto extremo de angústia despertado pelo sentimento de desamparo que acomete o sujeito em algum momento de sua vida. Esse afeto, nos deixa a sensação de estarmos completamente desamparados, sem garantias de nada na vida. Podemos morrer a qualquer moomento, mas não deixamos de viver o cotidiano, seja com todos os riscos que ela proporciona. O que para certas pessoas essa condição é extremamente insustentável e, sempre com uma ilusão de que haverá uma estabilidade do mundo que trará garantias de se ver protegido das angústias. A psicanálise vem com o intuito de levar o paciente a se implicar no seu sofrimento, ou seja, a se questionar sobre o que acontece com ele, falando e procurando sentido a partir de sua história. É preciso criar condições para que o paciente possa subjetivar sua condição de desamparo. É comum encontrarmos em qu

Triunfo da Religião

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Recentemente li o livro que tem como título o “Triunfo da Religião, Precedido de Discurso aos Católicos”, de Jacques Lacan que, não é fácil, pois entender Lacan também não é. Para isso, agarremos às máximas que o psicanalista vai deixando pelo caminho e tentando arrancar delas alguma dedução lógica ou conclusão que possa nos acalentar. Ao ler mais esse livrinho, fiquei curioso com o título, principalmente saindo da boca de um psicanalista como Lacan. Ele comenta que Freud nunca falou da posição do cientista, porque essa assunto era tabu para ele. E sobre o fim da religião, Lacan vai em direção contrária, prevendo um retorno religioso em nosso tempo em conexão estreita com os avanços da ciência. Lacan fala que “a religião não triunfará apenas sobre a psicanálise, triunfará sobre muitas outras coisas também. (...) O real, por pouco que a ciência aí se meta, vai se estender, e a religião terá então muito mais razões para apaziguar os corações”. Como sabemos que não há muita transparência

Nomes-do-Pai

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No livro de Jacques Lacan: "Nomes-do-pai", da Editora Jorge Zahar, presenciamos o desenvolvimento de um termo que vai de encontro com a paternidade, de pouquíssima evidência natural e mais um fato cultural. É o Nome-do-Pai que cria a função do pai. Como este não é uma figura, e sim uma função, não tem Nome próprio: Tem tantos nomes quantos suportes tem sua função. E qual é ela? A função religiosa por excelência: ligar o significante e o significado, Lei e desejo, pensamento e corpo. Unir o simbólico e o imaginário, na presença constante do real. É no Nome-do-Pai que devemos reconhecer o suporte da função simbólica que identifica sua pessoa à figura da lei. Ou seja, trata-se de uma função cujos efeitos são inconscientes. As relações que o sujeito mantém com a imagem e ações da pessoa que a encarna são indicadores para a escuta clínica. O complexo de Édipo, introduzido pela psicanálise, marca a discordância entra função simbólica da ordenação e a encarnação dessa função. O mi